Esse país parece não ter jeito mesmo. O ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, denunciou o ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, o cargo mais próximo do presidente Michel Temer, por pressioná-lo a cometer um ato de corrupção em favor do próprio Geddel.
Calero pediu demissão do cargo depois de ser ameaçado por Geddel, que exigia que o então ministro da Cultura liberasse uma obra irregular em Salvador, na Bahia, na qual Geddel tem interesse particular. A obra foi embargada porque está em uma área de preservação histórica, mas, mesmo com os pareceres técnicos contrários à construção, Geddel ameaçou o colega: "Vou falar com o presidente Michel Temer. Vamos ver se o parecer vai ser mesmo técnico". Diante da ameaça, e com medo de ter seu nome envolvido em corrupção, Calero pediu demissão.
"Não desejo a ninguém estar diante de uma pressão política, claramente um caso de corrupção”, declarou Calero à Folha de S.Paulo. O ex-ministro alertou o presidente Michel Temer sobre a tentativa de corrupção de Geddel, mas o presidente nada fez.
Resta agora saber duas coisas: Temer vai manter no cargo um ministro acusado por outro de ser corrupto ou vai demitir Geddel? Segundo: o novo ministro da Cultura, o deputado socialista Roberto Freire, um político de carreira, vai liberar a obra a mando de Geddel?
